Egotismo: quando o excesso de controle trava o contato
No egotismo, a pessoa tenta controlar tanto o que sente, o que mostra e como o outro a vê,
que o encontro real fica empobrecido. Não é “egoísmo”; é um modo de se proteger.
O que é egotismo na Gestalt-Terapia?
Na Gestalt, egotismo é um bloqueio de contato em que a pessoa se observa
e se controla em excesso, como se estivesse sempre “de fora” da própria experiência,
comentando, avaliando e corrigindo tudo o que faz.
Não se trata apenas de ser “centrado em si”, mas de estar tão ocupado em
administrar a própria imagem que o contato espontâneo com o outro e consigo
mesmo fica prejudicado.
Sinais de egotismo no dia a dia
Alguns sinais que podem indicar a presença de egotismo:
- Autovigilância constante: “como estou parecendo?”, “o que vão pensar de mim?”;
- Dificuldade de relaxar e se deixar afetar pelo momento;
- Planejar mentalmente cada fala, cada gesto, com medo de errar;
- Sentir-se “travado(a)” em situações sociais ou afetivas;
- Ter a sensação de assistir à própria vida de fora, em vez de vivê-la.
ou alto padrão de exigência. A questão é quando esse modo de funcionar passa a
impedir encontros mais verdadeiros e nutritivos.
Egotismo e ciclo de contato
No ciclo de contato, o egotismo tende a aparecer perto do momento do encontro:
quando seria possível se deixar tocar pelo outro e pela situação, surge a necessidade
de controlar, racionalizar, comentar.
Em vez de estar no gesto, na palavra e na emoção, você fica na cabeça,
calculando, revisando e se julgando.
Como a terapia pode apoiar
Na Gestalt-Terapia, o terapeuta não tenta “quebrar” esse controle à força.
O convite é ir construindo um campo de segurança onde você possa, aos poucos,
experimentar estar mais presente, com um pouco menos de vigilância.
Isso pode incluir:
- Perceber, no aqui-e-agora da sessão, quando surge a vontade de controlar tudo;
- Investigar de que histórias de vida essa necessidade de controle se alimenta;
- Explorar momentos em que você consegue se soltar um pouco mais;
- Experimentar novas formas de se relacionar, com menos perfeccionismo e mais autenticidade.
O objetivo não é eliminar o seu senso de observação, mas transformá-lo em recurso,
e não em prisão.
Se você sente que vive em constante autovigilância e dificuldade de relaxar nas relações,
a psicoterapia pode ser um espaço seguro para experimentar outros modos de estar com o outro.