Autocuidado na Perspectiva da Gestalt-Terapia: cuidar de si como um ato de presença
Para a Gestalt-terapia, autocuidado não é um conjunto de regras, tarefas ou rotinas obrigatórias.
Não é “tomar um banho quente”, “fazer skincare” ou “descansar no fim de semana”.
Autocuidado é um processo contínuo de awareness: perceber o que se passa em si e responder
a essas necessidades de forma viva, responsiva e possível.
Nesta página você encontra:
- o que é autocuidado na visão da Gestalt;
- por que ele é relacional e não individualista;
- como aparece em situações de ansiedade, luto e limites;
- como o campo influencia o cuidado possível;
- exemplos práticos de autocuidado fenomenológico.
Autocuidado, aqui, é menos sobre “fazer” e mais sobre estar consigo.
O que é autocuidado na Gestalt-terapia?
Autocuidado é a capacidade de sustentar a própria experiência com respeito, curiosidade e presença.
Envolve:
- notar emoções sem se violentar;
- respeitar o ritmo interno;
- cuidar do corpo como parte da existência;
- nomear necessidades reais (não impostas);
- pedir ajuda quando necessário;
- criar fronteiras claras com o mundo.
Não é um ato isolado, mas um movimento de integração entre corpo, ambiente e vínculo.
Autocuidado é relacional, não solitário
Na visão gestáltica, ninguém se cuida sozinho.
Isso porque o autocuidado nasce do apoio ambiental — relações, contextos, acolhimentos,
culturas que permitem vulnerabilidade e descanso.
Quando o campo é hostil, acelerado, rígido ou negligente,
o autocuidado se torna difícil ou até impossível.
Por isso, autocuidado não é “se vira”.
É cuidado-de-si-com-o-mundo.
Sinais de falta de autocuidado
Alguns sinais comuns de que o autocuidado está fragilizado:
- excesso de autocobrança;
- alimentação desregulada por falta de tempo;
- não perceber limites até passar deles;
- viver no automático;
- fuga de emoções pela exaustão;
- sentimento de responsabilidade exagerada pelos outros;
- dificuldade de pedir ajuda;
- sensação de ir “aguentando até quebrar”.
Tudo isso são expressões de apoio ambiental escasso e autoapoio sobrecarregado.
Autocuidado e ansiedade
Na ansiedade, o autocuidado costuma ser substituído por:
- controle excessivo;
- hipervigilância;
- desconexão do corpo;
- exigência de produtividade;
- evitamento de sentir.
A pessoa tenta “se cuidar” controlando tudo ao redor —
mas isso é o contrário de cuidado: é sobrevivência.
O autocuidado real surge quando a pessoa consegue diminuir a velocidade interna e se perceber.
Autocuidado e luto
No luto, o autocuidado frequentemente significa:
- respeitar o próprio ritmo (que pode ser lento e irregular);
- dar espaço para a tristeza sem se punir;
- pedir apoio emocional sem vergonha;
- aceitar dias bons e dias ruins sem forçar coerência;
- diminuir demandas externas quando possível.
No luto, autocuidado é permitir-se sobreviver à dor sem pressa de superar.
Como desenvolver autocuidado na Gestalt-terapia
A terapia não entrega “listas de autocuidado”.
Ela ajuda a pessoa a reconhecer:
- o que seu corpo pede agora;
- quais emoções têm sido evitadas;
- que partes de si foram abandonadas para “dar conta”;
- o que no campo atual dificulta o cuidado;
- quais apoios internos e externos podem ser fortalecidos.
O autocuidado se torna, então, uma consequência do aumento de awareness — e não uma tarefa forçada.
Perguntas para perceber seu autocuidado
Algumas reflexões úteis:
- “O que meu corpo precisa hoje?”
- “O que estou evitando sentir?”
- “De quem (ou do que) eu preciso agora?”
- “O que posso tirar da minha lista hoje para respirar?”
- “Que limite eu preciso colocar para me proteger?”
- “Que gesto pequeno de cuidado posso fazer por mim agora?”
O autocuidado começa em gestos pequenos — mas reais.
Se você quer desenvolver um autocuidado mais vivo e possível
Cuidar de si é caminhar em direção à própria vida com gentileza e firmeza.
Para conhecer mais sobre o acompanhamento psicológico online: