Dessensibilização





Dessensibilização na Gestalt-Terapia: quando sentir vira ameaça


O que é dessensibilização na Gestalt-Terapia?

Na Gestalt-Terapia, chamamos de dessensibilização o processo pelo qual a pessoa
diminui o acesso às próprias sensações e emoções, como se fosse “abaixando o volume”
do que sente para suportar situações difíceis.

Não é preguiça, frieza ou indiferença. Em muitos contextos, esse foi um modo
criativo de se proteger: sentir menos para poder seguir.

Como a dessensibilização aparece no dia a dia

Alguns sinais que podem indicar dessensibilização:

  • Ficar “no automático” grande parte do tempo, como se a vida estivesse em modo neutro;
  • Dificuldade de reconhecer o que sente: “não sei se estou triste, cansado(a) ou só vazio(a)”;
  • Queda de interesse em atividades que antes eram prazerosas;
  • Corpo pouco sentido: pouca percepção de fome, cansaço, tensão ou limites físicos;
  • Uso frequente de distrações (trabalho excessivo, telas, consumo, etc.) para não entrar em contato com emoções.
Dessensibilizar é como “congelar” partes da experiência para evitar uma dor
que parecia grande demais naquele momento. O problema é quando o congelamento
se estende para além da situação original e passa a dominar o cotidiano.

Dessensibilização e ciclo de contato

No ciclo de contato, a dessensibilização costuma ocorrer bem no início:
antes mesmo de perceber claramente a necessidade, a experiência já é
abafada no nível das sensações.

Isso dificulta:

  • Reconhecer sinais de exaustão e pedir ajuda;
  • Perceber que algo já não faz sentido, em vez de “empurrar com a barriga”;
  • Dar-se conta de que um relacionamento ou ambiente está adoecendo você;
  • Sentir alegria, curiosidade e interesse – não só dor.

O que a Gestalt-Terapia faz com isso?

Em Gestalt-Terapia, ninguém força você a “sentir tudo de uma vez”. O foco é
ir construindo, gradualmente, condições de segurança para que o sentir possa voltar,
um pouco de cada vez.

Na prática, o processo pode envolver:

  • Explorar sinais sutis do corpo: respiração, postura, tensões, pequenas mudanças;
  • Nomear emoções com cuidado, sem apressar o processo (“talvez seja tristeza… ou cansaço…”);
  • Reconhecer em que momentos da vida foi necessário “desligar” para sobreviver;
  • Experimentar pequenas doses de contato com o que foi anestesiado, com apoio do terapeuta;
  • Construir recursos de apoio (pessoas, rotinas, práticas) para lidar com o que reaparece.

O objetivo não é “sentir tudo o tempo todo”, mas recuperar a capacidade de
perceber a si mesmo(a) com mais nuance, incluindo prazer, descanso e cuidado.

Talvez você não precise continuar anestesiado(a) para sempre

Se você sente que está vivendo no automático, com pouco acesso às próprias emoções
e necessidades, a psicoterapia pode ser um espaço para, aos poucos, ir descongelando
essa experiência com respeito ao seu tempo.

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