Introjeção: quando você vive obedecendo vozes internas que não são suas
“Tenho que dar conta de tudo”, “não posso fraquejar”, “sentir isso é errado”.
Muitas vezes, essas frases nem são suas – são introjetos que você engoliu sem digerir.
O que é introjeção na Gestalt-Terapia?
Na Gestalt-Terapia, introjeção é o processo de “engolir” valores, regras e expectativas
vindas de fora – da família, da cultura, da religião, da escola – sem questionar se aquilo
combina com quem você é hoje.
Em vez de escolher, você se sente obrigado(a) a seguir um conjunto de “tem que” e “não pode”:
- “Eu tenho que ser forte o tempo todo.”
- “Não posso decepcionar ninguém.”
- “Chorar é sinal de fraqueza.”
- “Se eu não for produtivo(a), não tenho valor.”
Esses mandatos antigos foram importantes em algum momento, mas podem ter se tornado rígidos,
sufocando a sua espontaneidade e o seu modo próprio de viver.
Como a introjeção aparece no dia a dia
Algumas pistas de que a introjeção está forte na sua vida:
- Você se cobra demais e raramente se sente “bom o suficiente”;
- Tem dificuldade de perceber o que realmente quer, além do que “deveria” fazer;
- Sente culpa quando descansa, pausa ou escolhe algo diferente do esperado;
- Repete padrões familiares que te fazem sofrer, sem entender por quê;
- Usa muito a linguagem dos “tem que”, “certo/errado”, “sucesso/fracasso”.
você não consegue digerir o que recebeu, escolhendo o que faz sentido e deixando ir o que não serve mais.
Introjeção e ciclo de contato
No ciclo de contato, a introjeção costuma interromper o movimento de
awareness e escolha. Em vez de sentir, refletir e decidir, você reage a partir de
regras internas automáticas.
Isso pode te afastar de experiências importantes, como:
- Assumir seus próprios desejos;
- Experimentar novos caminhos profissionais ou afetivos;
- Reconhecer limites físicos e emocionais;
- Construir uma forma de viver mais coerente com quem você é agora.
Como a Gestalt-Terapia trabalha com a introjeção
Na Gestalt, o convite não é jogar tudo fora, mas reconhecer, nomear e experimentar.
Na prática, o processo terapêutico pode envolver:
- Identificar quais frases internas se repetem e de onde elas vieram;
- Explorar como você se sente no corpo quando obedece a esses mandatos;
- Diferenciar: “isso é meu” x “isso é do outro que ficou em mim”;
- Experimentar novas formas de responder às mesmas situações;
- Escolher, de forma mais consciente, quais valores quer manter na sua vida adulta.
O objetivo é que você possa, pouco a pouco, assumir autoria da própria história,
sem precisar viver apenas para cumprir expectativas.
Se você sente que vive em função de cobranças internas, com muita culpa e pouca
liberdade para ser quem é, a psicoterapia pode ajudar a trazer clareza e cuidado a esse processo.