Figura e Fundo na Gestalt-Terapia: como necessidades e emoções emergem
Um dos conceitos mais centrais da Gestalt-terapia é o de Figura e Fundo.
Ele explica como necessidades, emoções, pensamentos, impulsos e memórias emergem e se tornam importantes
em determinados momentos — enquanto outros conteúdos ficam em segundo plano.
A forma como uma figura surge (ou não surge) tem impacto direto em ansiedade, depressão,
autoestima, relações, luto e trauma.
Nesta página você vai aprender:
- o que é figura;
- o que é fundo;
- como necessidades emergem;
- por que às vezes nada “sobressai”;
- como interrupções do contato afetam essa dinâmica;
- como a terapia apoia emergências mais claras e saudáveis.
O que é figura?
Figura é aquilo que se destaca na consciência no momento presente.
É o que se torna importante agora.
Figura pode ser:
- uma emoção (medo, raiva, tristeza);
- uma necessidade (descanso, contato, proteção);
- uma lembrança;
- um pensamento recorrente;
- uma dor física;
- uma vontade de agir;
- uma preocupação;
- um insight;
- um tema de vida que reaparece no campo.
Figura é tudo aquilo que o organismo destaca para lidar naquele momento.
O que é fundo?
Fundo é o conjunto de elementos que ficam em segundo plano,
oferecendo contexto e sustentação para que a figura se destaque.
O fundo inclui:
- memórias;
- ambiente;
- histórias anteriores;
- vínculos;
- cultura e crenças;
- necessidades menores;
- processos inconscientes;
- sensações difusas;
- conteúdos que estão lá, mas sem protagonismo.
Figura e fundo são inseparáveis —
a figura só existe porque está apoiada no fundo.
Como surge uma figura?
Uma figura emerge quando algo se torna relevante para o organismo naquele momento.
Exemplos de emergência de figura:
- sensação corporal que incomoda;
- ansiedade repentina;
- lembrança emocional forte;
- uma vontade clara (“preciso descansar”);
- algo que o outro diz e aciona uma emoção;
- um desejo que ganha força.
A figura é o centro temporário da experiência.
Quando a figura não surge (ou surge confusa)
Em algumas situações, a figura não consegue emergir com clareza.
Isso acontece quando:
- há emoções demais competindo pela atenção;
- o fundo está “carregado” demais (ex.: estresse crônico);
- a pessoa está desconectada do corpo;
- a Id-função está bloqueada (não sinto, não percebo);
- há trauma não integrado;
- a pessoa está esgotada;
- há excesso de introjetos (“eu deveria”, “tenho que…”);
- a pessoa funciona no automático.
Isso gera sensação de:
- confusão;
- apatia;
- ansiedade difusa;
- dificuldade de escolher;
- vazio interno.
A terapia ajuda a limpar o campo para que figuras reais possam emergir.
Figura e Fundo e as interrupções do contato
As interrupções do contato — introjeção,
projeção, retroflexão,
confluência — interferem diretamente no surgimento da figura.
Exemplos:
- Introjeção: a figura é do outro, não da pessoa.
- Projeção: a figura interna é colocada fora.
- Retroflexão: a energia da figura volta contra o próprio corpo.
- Confluência: nenhuma figura emerge (“não sei o que sinto”).
O objetivo terapêutico não é “tirar a interrupção”, mas
ajudar o organismo a retomar sua capacidade natural de formar figuras claras.
Figura e Fundo na ansiedade
Na ansiedade:
- a figura é o futuro (hiperfiguração futura);
- o fundo fica esquecido (o agora perde força);
- sensações corporais aparecem como figuras ameaçadoras;
- há troca rápida de figuras sem estabilidade.
A terapia fortalece presença e clareza.
Figura e Fundo na depressão
Na depressão:
- não há figura — nada se destaca;
- a pessoa sente “vazio” ou “nada importa”;
- o fundo é pesado, denso, lento;
- o organismo não encontra energia para formar figura.
A terapia procura microfiguras — pequenos impulsos que podem emergir.
Figura e Fundo no luto
No luto:
- a figura dominante é a perda;
- todo o fundo é reorganizado ao redor dessa figura;
- outras figuras emergem com menos força;
- às vezes a figura da perda some temporariamente (mecanismo de suporte).
A terapia acolhe o ritmo oscilante das figuras do luto.
Figura e Fundo no trauma
No trauma:
- a figura traumática invade o campo repetidamente;
- o fundo perde estabilidade;
- memórias intrusivas dominam a consciência;
- há dificuldade de formar figuras novas e saudáveis;
- o organismo fica preso em alerta.
A terapia reconstrói fundo seguro antes de trabalhar figuras difíceis.
Se você sente confusão, vazio ou excesso de pensamentos
Trabalhar figura e fundo ajuda a organizar a experiência, reduzir ansiedade,
ampliar clareza e recuperar vitalidade.
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